A obra de José Saramago terá uma nova chancela editorial «em meados da próxima semana», disse à Lusa José Sucena, curador da Fundação José Saramago, falando em nome das duas herdeiras do escritor. «José Saramago, de modo nenhum, fica sem editora em Portugal. Estamos a analisar as diversas hipóteses que se estão a perspetivar, de há um tempo a esta parte, e esperamos encerrar as negociações até meados da semana que vem», afirmou José Sucena. «Na próxima semana já teremos um novo editor», sublinhou o responsável. A Editorial Caminho, que há 35 anos publicava as obras de José Saramago, informou hoje que não chegou a acordo com as herdeiras do escritor, a viúva, Pilar del Rio, e a filha, Violante Saramago Matos, para continuar a publicar a obra do Nobel da Literatura. «As herdeiras de José Saramago e a Editorial Caminho informam que não foi possível chegar a acordo sobre as condições contratuais que permitiriam continuar a publicar, nesta editora, a obra do escritor», lê-se no comunicado assinado por Pilar del Río e Violante Saramago Matos, e também por Tiago Morais Sarmento e Zeferino Coelho, da Editorial Caminho. «Cessa por isso, nesta data, a parceria iniciada há 35 anos, com a publicação de A Noite (1979)», remata o comunicado enviado à agência Lusa. Zeferino Coelho, responsável da Editorial Caminho, disse à agência Lusa que o fim do acordo com as herdeiras do Nobel da Literatura é «a notícia mais triste» da sua vida profissional. «Se me perguntassem o que fazia, teria a tendência para dizer que sou editor de José Saramago», afirmou Zeferino Coelho, sem adiantar quais as razões que levaram ao termo da parceria, limitando-se a afirmar que «são coisas que acontecem». José Sucena também não revelou as razões pelas quais não foi alcançado acordo, afirmando apenas que «foi por mútuo consentimento». «Chegámos a acordo que não podíamos continuar a conviver», limitou-se afirmar José Sucena, que elogiou o trabalho do editor Zeferino Coelho, referindo que esta decisão foi «dolorosa» para os dois. Zeferino Coelho afirmou à Lusa que é «fã» da obra do escritor, de quem era amigo e que elogiou. Quanto ao facto de não se ter chegado a acordo foi, para o editor, «como se José Saramago tivesse morrido duas vezes». José Saramago é autor de mais de 30 títulos, entre os quais os romances «O ano da morte de Ricardo Reis» e «Memorial do Convento», incluídos nos programas curriculares do Ensino Secundário. José Saramago, falecido em junho de 2010 na ilha espanhola de Lanzarote, publicou praticamente toda a sua obra na Editorial Caminho, designadamente «A Jangada de Pedra», «Levantados do Chão», «O Evangelho segundo Jesus Cristo», «O Homem Duplicado», «Ensaio sobre a Cegueira» e o romance inicial «Claraboia», editado postumamente, em 2011.
Sem comentários:
Enviar um comentário