quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Ajuda externa. Bruxelas contesta versão do PS e diz que Portugal agiu tarde

Olli Rehn revelou ontem que se o governo de Sócrates tivesse agido mais cedo teria evitado "um doloroso processo de ajustamento económico" É oficial o choque de versões sobre os tempos que antecederam o pedido de ajuda externa por Portugal. O PS insiste que foi Bruxelas que tardou a apresentar soluções para resolver a crise que afectava a União e, ontem, o comissário europeu Olli Rehn veio dizer que houve "uma reacção nacional tardia". As contradições neste capítulo da história não ficam por aqui. A resposta foi directa para os deputados socialistas, Eduardo Cabrita e João Galamba, que participaram na conferência sobre governação económica no Parlamento Europeu. Ambos falaram das consequências do que dizem ter sido a "falta de resposta europeia adequada e atempada à crise", mas do outro lado ouviram Olli Rehn revelar que as conversas com o governo português sobre a hipótese de uma ajuda externa começaram em Junho de 2010, praticamente um ano antes de ter sido oficializado o pedido por Portugal, a 7 de Abril de 2011. Citado pela Lusa, o comissário europeu dos Assuntos Económicos contou o episódio: "Foi também uma reacção nacional tardia, pois embora o programa tenha começado no Verão de 2011, recordo as minhas primeiras conversas com o ministro das Finanças de Portugal em Junho de 2010, um ano antes disso, sobre um possível programa de ajustamento económico, porque vimos que a situação económica de Portugal estava a ficar cada vez mais e mais fraca". Para Rehn, Portugal agiu quando já estava "encostado à parede", tendo defendido que "quanto mais cedo Portugal actuasse, para ter sucesso no seu reequilíbrio", menos necessidade haveria de um "processo de ajustamento doloroso". MERKEL E O PEC IV Esta versão dos acontecimentos choca com o relato que os socialistas têm feito daquele mesmo período. Numa entrevista ao "Expresso", publicada em Outubro, o próprio ex-primeiro-ministro José Sócrates disse que quando, no início de Março, apresentou o PEC IV (a sua alternativa à ajuda externa) no Conselho Europeu, somou palmadas nas costas dos principais parceiros: "É votado, e a Merkel vira-se para mim e diz: parabéns! O Barroso diz: conseguimos! Estava genuinamente satisfeito, e eu estava mais aliviado." Este era o plano com que José Sócrates contava para escapar ao resgate, mas acabou por receber o chumbo da oposição na Assembleia da República.

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