terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Nicolau Breyner e o Bloco Central
Parece que Nicolau Breyner pode ser candidato às eleições europeias, na variante eurocética. Tenho uma enorme admiração profissional e pessoal pelo Nicolau, por razões que não interessam para este texto. Mas tenho uma óbvia reserva às suas aventuras políticas. Ainda me lembro bem da sua tentativa de concorrer à Câmara de Serpa pelo CDS-PP de Manuel Monteiro em 1997.
A ideia passava pelo mirabolante sonho de pôr os eleitores de uma câmara solidamente comunista a votarem num filho da terra merecidamente famoso pelo trabalho de ator. Manuel Monteiro adorou a ideia, provavelmente porque não conhecia bem o Alentejo e muito menos Serpa. Paulo Portas achou a ideia genial, convencido de que o simples facto de ter raízes em Vila Viçosa o faziam perceber a geopolítica dos latifúndios de Serpa. Passaram todos por Serpa em campanha, sempre trajados em tom verde-castanho e com Portas de boina a preceito (a famosas boina da lavoura, que Portas havia de elevar à fama eterna). No fim, Nicolau Breyner teve uma pesada derrota e desapareceu rapidamente da Câmara de Serpa, onde não deixou nem trabalho nem saudades.
Chegados a este ponto do texto, devem pensar que o Nicolau caminha para um desastre eleitoral, em nome próprio ou como apoiante. Nada disso. O que a sua aventura de 1997 tinha de excêntrico, tem agora de normal. Não só as candidaturas "contra o sistema" estão a surgir como cogumelos, como os "partidos instalados" estão particularmente fragilizados, a começar pelo Bloco Central.
Não sei se as direções do PSD e do PS já perderam um minuto a pensar nestas questões. Se já olharam para a candidatura de Marinho Pinto e agora para a hipótese Nicolau Breyner. Se não olharam, eu dou um pequeno contributo: o que impele Marinho Pinto ou dá um novo alento a um convite a Nicolau Breyner não são as suas ideias ou programas. O que os motiva é a óbvia fragilidade dos partidos clássicos. O espaço eleitoral do Bloco Central parece um castelo de portão escancarado. É só passar a porta, sentar na praça e começar a falar. Ninguém sabe se isto traz muitos votos. Mas é certo que a inação e a soberba dos partidos do Bloco Central não lhes vai trazer nada de bom
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